Em 2021 o Presidente da República sancionou o Projeto de Lei que determina a modalidade de educação bilíngue de surdos no ensino brasileiro. O objetivo é que esse tipo de educação seja iniciado na educação infantil e se estenda ao longo da vida escolar do estudante. Estudantes surdos, surdo cegos, com deficiência auditiva, ou que optem pela modalidade bilíngue e o português escrito como segunda língua podem ser atendidos nessa modalidade.
Segundo dados de 2020 do INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), na época havia 64 escolas bilíngues de surdos com 63.106 alunos surdos, surdo-cegos e com deficiência auditiva.
Na prática, como funciona a educação bilíngue no Brasil?
Antes de entendermos como funciona na prática a educação bilíngue é importante sabermos que essa modalidade pode ser aplicada tanto em escolas bilíngues de surdos, como em classes bilíngues em escolas comuns.
O aluno surdo acessa o currículo da escola por meio da língua de sinais como sua primeira língua, ou seja, todo o conteúdo é passado em Libras pelo professor. O português escrito entra como segunda língua. Esses professores bilíngues especializados têm amplo conhecimento da comunidade surda, da língua de sinais, da cultura e da identidade dos surdos.
Você sabia que na educação bilíngue há professores surdos formados em diversas disciplinas, como matemática, história, geografia, etc?
Há muitos benefícios na modalidade de educação bilíngue para os surdos. O primeiro já mencionamos: todo o conteúdo sendo transmitido em Libras, que é a língua materna do aluno. Além disso, há relatos de surdos que dizem que, em um ambiente onde todos usam a Libras, o surdo não se sente solitário, com dificuldade em socializar-se porque ele percebe que é igual a todos, que pertence a comunidade e que pode conversar em Libras com quem ele desejar, inclusive com os professores que vão conseguir dar atenção de acordo com a necessidade dele.
E pensando nas necessidades do aluno surdo, a maioria das aulas ministradas nessa modalidade utilizam muitos recursos visuais, como imagens, vídeos e objetos que estimulam o aprendizado do aluno.
Muitos apoiadores desse projeto dizem que essa modalidade de ensino é muito melhor do que incluir um aluno surdo numa classe regular com um intérprete de Libras, onde a maioria dos professores têm pouca ou nenhuma experiência com a comunidade surda e com a Libras.
Muitos atestam que, em muitos casos, o planejamento dos conteúdos numa escola inclusiva não é pensado e adaptado à necessidade do aluno surdo, por isso defendem a importância do ensino bilíngue. Mesmo assim, é interessante ter em mente que esse ensino não impede a matrícula de alunos surdos em escolas e classes regulares. Os pais ou responsáveis ou o próprio aluno podem decidir o que é melhor para seu caso.